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Por que investir em inovação num cenário de crise?

23

jun 2017

Por:Biominas Brasil
Biominas | Notícias | Opinião

Quando falamos sobre a situação atual do Brasil é quase impossível deixarmos de pensar nas palavras crise, corrupção, lava-jato, desemprego, TSE, STF, JBS, Odebrecht, reformas da previdência e trabalhista, entre vários outros termos. Mas e se eu te falar que um termo que deveríamos estar considerando fortemente para esse momento é investir em inovação e, principalmente, inovação aberta. Você diria que eu fiquei louco?

É verdade que vivemos tempos de muitas incertezas. Em menos de dois anos, vivemos o impeachment de uma presidente da república que foi sucedida pelo seu vice e que agora também vem sendo fortemente contestado por uma parcela significativa da população após as últimas delações premiadas. Temos um congresso nacional cheio de investigados e citados na Operação Lava Jato que podem ser presos a qualquer momento e, ao mesmo tempo, esses mesmos congressistas debatem e tentar aprovar reformas que são fundamentais para o Brasil e que há muito tempo têm sido adiadas. Ainda que exista um consenso sobre a necessidade de se fazer as reformas, estamos bastante distantes de um consenso em relação a qual modelo seria o ideal e com qual velocidade o tema deve ser tratado. Além disso, todo esse cenário está envolvido numa espécie de rivalidade que surgiu durante a campanha para as eleições presidenciais de 2014 e que tem aproximado às discussões políticas das acaloradas discussões sobre futebol.

Do lado econômico, apesar do crescimento de 1% do PIB no primeiro trimestre de 2017, em relação ao trimestre anterior, é cedo para afirmar que saímos da grave recessão que afeta o país. Essa desconfiança quanto à recuperação da economia é justificada pelos demais dados que foram divulgados. Quando comparamos o resultado com o mesmo período do ano anterior, a economia apresentou retração de 0,4% e os componentes do PIB que dizem respeito à demanda doméstica (consumo das famílias; consumo do governo e investimentos) também apresentaram resultados negativos. O desemprego continua a aumentar e já ultrapassa os 14 milhões de pessoas.

Então, por que deveríamos falar de inovação com esse cenário?

Investir em inovação é frequentemente apontado como uma boa estratégia para sair da crise a frente dos seus concorrentes. E esse argumento faz sentido. Em períodos de crise é comum que as empresas sejam forçadas a abandonar projetos que não estejam ligados diretamente a seu core business ou que tenham uma expectativa de retorno menor ou de mais longo prazo. É o dilema entre manter o foco e controlar estritamente os custos e manter abertas, ao mesmo tempo, as opções de crescimento para o futuro.

A inovação aberta pode exercer um papel importante nessa solução. Ao romper fronteiras tradicionais da empresa, a inovação aberta deixa que ideias, propriedade intelectual e indivíduos fluam livremente – de fora para dentro da organização e de dentro para fora.

Quando a economia vai mal, momento em que vivemos atualmente no Brasil, a via oposta da inovação aberta – a inovação de dentro para fora – pode ser o caminho para a empresa se preparar para a melhora do cenário econômico sem prejudicar o controle dos seus custos. Essa modalidade de inovação está ligada a processos pelos quais uma empresa instala parte dos ativos ou projetos fora de sua estrutura. A Harvard Business Review Brasil, em artigo publicado em seu site, identificou cinco medidas da inovação aberta que vão permitir que a empresa se concentre hoje em suas principais operações e mantenha as opções de crescimento no futuro. São elas:

  1. Vire cliente ou fornecedora de projetos que já foram internos

Se sua empresa está buscando um recurso importante, mas caro demais para desenvolver sozinha ou adquirir no mercado aberto, e outras empresas do setor ou de outras áreas querem o mesmo, trate de se aliar a essas e outras para financiar, desenvolver e lançar a novidade por meio de uma empresa independente e seja sua primeira cliente.

  1. Deixe que outras desenvolvam suas iniciativas não estratégicas

Se sua empresa está fechando o foco no core business e detectou iniciativas adjacentes e complementares que consomem atenção, tempo e capital demais, mas que podem atrair interesse e investimentos externos trate de entregá-las a investidores que possam assumir o ônus de desenvolvê-las. O progresso da iniciativa será custeado por terceiros, mas sua empresa pode reter uma participação e usufruir de eventuais ganhos. Pode ate readquirir os melhores projetos.

  1. Faca a propriedade intelectual dar mais frutos para a sua empresa e a terceiros

Se boa parte da propriedade intelectual da empresa está parada, sem produzir nenhum beneficio financeiro, e a empresa sabe que seu valor, para ela e outras, será corroído, salvo se continuamente desenvolvida, trate de deixar que parceiros externos se beneficiem de sua criação, deem continuidade a seu desenvolvimento e paguem a sua empresa pelo direito de uso. Muitas empresas recuperam de 10% a 20% do gasto anual com P&D dessa maneira.

  1. Expanda seu ecossistema, mesmo quando não estiver crescendo

Se sua empresa for ativa na inovação e estiver sempre interagindo com clientes, colaboradores, especialistas do setor, associações setoriais e outros para identificar oportunidades futuras, trate de aproveitar seu ecossistema de potenciais parceiros de inovação. Seja como o olheiro no futebol, que sempre sabe quanto um time estará disposto a pagar por um determinado jogador.

Ao interagir com o ecossistema em tempos de crise, a empresa se torna uma parceira preferencial em oportunidades de inovação surgidas das diversas partes em torno de seu negócio e de sua cadeia de valor. Quando o mercado voltar a crescer, empresas que apostaram apenas no corte de gastos podem se ver lá no fim da fila.

Leia mais sobre parcerias estratégicas em um artigo que já publicamos por aqui. Acesse agora!

  1. Crie domínios abertos para reduzir custos e ampliar a produção

Se uma ideia interna tem altas chances de atrair o interesse de comunidades externas valiosas e de promover grandes saltos no setor, ou até mesmo mudá-lo radicalmente, trate de considerar o estabelecimento de domínios abertos para a troca de informações e ideias ou a oferta de instalações e serviços compartilhados.

Conclusão

Sabemos que liderar um processo de inovação aberta nas empresas não é simples. Diversas questões importantes precisam ser estudadas e uma estratégia precisa ser desenhada de maneira que os objetivos presentes e os futuros da companhia sejam alcançados. Mas sua empresa não precisa realizar todo esse processo sozinha. Utilizar a experiência de outras empresas para prospectar projetos inovadores e que atendam os pré-requisitos definidos pela sua empresa e encontrar parceiros estratégicos para desenhar essa abertura a inovação aberta podem potencializar os ganhos e reduzir os custos associados. A inovação aberta de dentro para fora vai deixar a organização mais ágil e com maior capacidade de reação na hora de enfrentar momentos difíceis. É um desafio, mas que vale a pena ser enfrentado!

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Rafael Oliveira | Consultoria

Estudante de ciências econômicas na UFMG. Adora ler, ouvir música e sair para conhecer novos restaurantes e bons lugares para comer em Belo Horizonte. Esforça-se pra manter uma rotina de exercícios (e falha terrivelmente nisso toda semana).

consultoria@biominas.org.br

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