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Estamos preparados para o futuro da saúde?

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Você já ouviu falar em impressão de órgãos humanos? Imagine o seguinte cenário: uma pessoa sofre um acidente e tem a sua orelha esquerda mutilada. Ao ser levada para o hospital, após os exames necessários, a equipe médica é capaz de produzir uma nova orelha, imprimi-la através de uma máquina 3D e implantar o órgão novamente no corpo do paciente.

Para especialistas do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), isso poderá ser possível em menos de uma década, com a impressão de estruturas de cartilagem, como orelhas e meniscos e, a partir de 2030, com órgãos mais complexos, como rim, coração e pulmão. O laboratório, localizado em Campinas, já possui aparelhos que permitem escanear em 3D o corpo humano para imprimir moldes, que servem como base para prótese.

“Hoje, a saúde é uma grande demandadora de tecnologias e, em pouco tempo, poderemos criar mini robôs para o mercado. Já está aí a tecnologia 3D, com a impressão de órgãos, no entanto, são apenas estudos. Precisamos ser cautelosos, pois ainda não há regulamentação para isso”, explica o coordenador da Divisão de Tecnologias Tridimensionais do CTI Renato Archer, Jorge da Silva.

A criatividade no campo tecnológico da saúde tem impressionado. Recentemente, o Google divulgou a criação de um protótipo de lente de contato, que monitora os níveis de glicose no líquido lacrimal e envia os dados a um aparelho móvel. A criação tende a trazer um significativo alívio aos diabéticos do mundo inteiro, que precisam espetar os dedos para testar o seu próprio sangue. Segundo a empresa, que neste ano fechou parceria com a companhia farmacêutica Novartis para licenciamento das lentes, o produto deve demorar, pelo menos, cinco anos para atingir os consumidores.

E as inovações não param, com plataformas inteligentes como o Cloud Computing, que armazenam na nuvem dados do paciente, acabando de vez com a limitação das organizações de saúde com prontuários internos. Assim, a equipe médica consegue acessar as informações das pessoas através de dispositivos móveis, promovendo a agilidade no diagnóstico e contribuindo na tomada de decisão.

Para o CEO da Mendelics, David Schlesinger, cada vez mais o setor está gerando dados dos pacientes de maneira detalhada, entretanto, a gestão desses indicativos é um grande desafio.

“Temos tecnologias em mobiles, que permitem monitorar o estado de saúde das pessoas. Cada vez mais, estamos enxergando os detalhes, gerando informações, mas não consigo dizer ainda se isso realmente é bom. Elas farão com que possamos captar e gerar dados continuamente, mas ainda é deficitária a nossa maneira de gerenciar esse conteúdo”, acredita o executivo do primeiro laboratório do Brasil dedicado à análise genômica.

Impacto da evolução

Mas todo esse avanço tem um custo. Segundo estudo publicado pela Fundação Oswaldo Cruz intitulado “As análises econômicas na incorporação de tecnologias em saúde: reflexões sobre a experiência brasileira”, a incorporação de tecnologias cada vez mais caras tem aumentado os gastos em saúde.

Somente no regime de internação hospitalar, entre 2005 e 2010, os gastos das operadoras com materiais cresceram 128,7%, passando de R$ 12 milhões para R$ 27,3 milhões. Já em medicamentos a alta foi e 40,4%, chegando a R$ 16,6 milhões. Os dados são do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), que explica: “a evolução do gasto está mais relacionada ao custo dos insumos do que à sua frequência de utilização.”

O material aponta que em países desenvolvidos, como Austrália, Canadá, Suécia e Reino Unido, a incorporação de sistemas tecnológicos passam por critérios rígidos de avaliação de agências especializadas. No entanto, no Brasil, ainda faltam critérios mais claros para absorção desse avanço. “Essa definição envolve discussões de cunho técnico, político e econômico, e somente será possível se houver engajamento dos atores envolvidos no setor”, aponta o material.

Além disso, no País não existe legislação específica para o tema. A aplicação de novos procedimentos acontece por meio da ANS e, pela Instrução Normativa Nº 38/2008, as agências podem solicitar que terceiros realizem estudos de avaliação de tecnologias de saúde, no entanto, as decisões judiciais têm garantido a utilização de insumos em fase de testes.

“A perspectiva para os próximos anos é que os custos associados a novos medicamentos, materiais e equipamentos médicos continuem a elevar, significativamente, os gastos assistenciais das operadoras de planos de saúde, sem que, necessariamente, promovam melhorias nas condições de saúde de seus beneficiários”, revela o estudo do IESS.

Nesse sentido, o presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), Marcio Coriolano, reforça que “em nível de tecnologia, o Brasil não deixa a desejar em comparação a outros países. O que se vê é uma avalanche técnica, mas sem a avaliação adequada. Internamente, adotamos procedimentos sem avaliar as suas vantagens”, pontua.

Expectativa

Para o líder de prática de Saúde do Brasil da consultoria Accenture, René Parente, a indústria de saúde passa por transformações e seu reflexo é sentido no mundo inteiro. Sua sinalização é otimista. “Acreditamos que, no futuro, o mercado será mais integrado e terá um grau maior de eficiência, com saúde digital, excelência operacional e gestão estratégica. São áreas viabilizadoras que precisam ser atacadas”, comenta.

A empresa realizou uma pesquisa com os principais executivos do setor, questionando quais os principais desafios do mercado, da empresa e o planejamento para investir no próximo ano (veja alguns dados no infográfico).

Os executivos sinalizaram que, tanto para o mercado quanto para a empresa, o compartilhamento de dados e a gestão dessas informações são os principais desafios, com 54% e 67% das respostas, respectivamente. Já no que diz respeito a planejamento, 71% pretendem investir em Tecnologia da Informação (TI) nos processos administrativos e 67% em medicina preventiva.

“Vemos que as companhias têm se preocupado em gerir melhor os dados armazenados sobre os pacientes para conseguir adequar os custos dos produtos de maneira mais adequada. A nosso ver, a tecnologia, a integração e a conectividade entre as instituições trará mais satisfação ao paciente, como também ajudará o setor, com melhorias na produtividade e redução dos riscos operacionais”, opina René Parente. O assunto foi discutido durante o “Fórum Exame Info – O futuro da saúde”, promovido pela Revista Exame, no dia 1º de dezembro.

Prevenção: As empresas podem ajudar

Uma das principais estratégias de retenção de talentos pelas empresas tem sido o oferecimento de planos de saúde e programas de qualidade de vida aos colaboradores. O benefício não apenas favorecem os profissionais, mas também o setor de saúde, já que colabora na prevenção de doenças de milhares de pessoas.

Segundo o presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil, Alexandre Kalache, através da prevenção é possível retardar o aparecimento de doenças e, assim, diminuir os valores gastos com processos médicos. “A saúde precisa ser medida com dados para prevenção. As quatro maiores causas de morte envolvem: fumo, álcool em excesso, dieta excessiva e sedentarismo. Se conseguirmos antecipar o futuro e prorrogar o aparecimento de doenças crônicas, elas deverão vir no momento da velhice, quando o gasto com saúde não percorrerá grande parte da vida da pessoa”, explica Kalache.

“A questão da prevenção vem avançando com a ajuda das empresas, já que 80% dos planos de saúde são comprados pelas companhias”, reforça o presidente da FenaSaúde, Marcio Coriolano.

As companhias têm trabalhado de maneira intensa nesse sentido. O Grupo Sabin, por exemplo, oferece um programa de Qualidade de Vida aos colaboradores, que acompanham os profissionais de acordo com a idade e o tempo de casa. Os benefícios vão desde planos de saúde, prevendo a situação especial de gestantes, e acesso à academia, até prêmios – viagens, automóveis e ajuda para financiamento da casa própria. “Nós entendemos que ao ajudarmos as pessoas a desenvolverem a sua felicidade, trazemos mais retorno para a empresa”, comenta a presidente do Conselho do Grupo, Janete Vaz.

Já a companhia Elektro vem oferecendo benefícios de saúde que englobam a família dos funcionários. “Em 2007, adotamos uma estratégia que é velha no exterior, mas inédita no Brasil. Fizemos um trabalho de ergonomia no trabalho, acompanhando a saúde de nossos colaboradores, depois trouxemos a família deles para perto e implantamos um projeto de Qualidade de Vida, com academia e plano de desenvolvimento esportivo, colaborando para a prevenção de doenças. Atualmente, nossos programas englobam também as famílias e pudemos observar que, quanto mais ajudamos as pessoas, mais retorno elas dão à nossa empresa”, conclui o presidente da Elektro, Marcio Fernandes.

Fonte: CQCS

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