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Inovação no Brasil: 3 caminhos para melhorar os resultados

O Brasil, de acordo com a WIPO, ocupa hoje a 66ª posição (entre 129 nações) no index global de inovação. O índice, além do ranking geral, divide a inovação em “inputs”, o que é feito para fomentar a inovação e “outputs”, qual o resultado final desses esforços. O Brasil é melhor classificado em “inputs” do que em “outputs” com uma diferença que sugere que o país não consegue transformar os investimentos em inovação de fato tão bem quanto poderia. 

Quando falamos em inputs, o país tem seu melhor desempenho em áreas como: Pesquisa e desenvolvimento (P&D); Tecnologias de informação e comunicação (TICs); Comércio, concorrência e escala de mercado; Trabalhadores do conhecimento e Absorção do conhecimento e criação de conhecimento, onde o Brasil está entre os 50 melhores do mundo.

Até mesmo quando analisamos apenas os resultados de variáveis de inputs, podemos observar uma grande diferença quando analisamos investimentos e capital humano. Em “Market Sophistication” o Brasil pontua na 84ª posição, onde analisa-se crédito para empresas, investimento (incluindo venture capital) e competição de mercado. Já quando falamos de “Business Sophistication”, ou seja, o nível de conhecimento do trabalhadores, patentes e qualidade de universidades, estamos na 40ª posição. 

O index de inovação traz diversos insights e informações úteis para se pensar em um plano de ação que torne o país mais inovador. Trabalhando nos pontos fracos, é possível gerar mais outputs e impulsionar ainda mais os pontos fortes do Brasil. E como o país possui pontos fortes relacionados a gastos em P&D, educação e qualidade de universidades, mostro a seguir três ações que estão em crescimento e que podem gerar resultados concretos para a inovação. 

 

Programas de inovação e empreendedorismo 

Com universidades, projetos e pesquisadores de alta qualidade no país é fundamental que as pesquisas desenvolvidas dentro de universidades e ICTs sejam transbordadas para o mercado. Pesquisadores devem balancear produções científicas dentro do espectro market pull e tech push. Ou seja, não só produzir algo e depois buscar uma possível aplicação na sociedade (tech push), mas também olhar para necessidades reais de empresas e pessoas para depois conduzir uma pesquisa científica (market pull). O equilíbrio entre as duas abordagem é incentivado quando aumentamos o número de programas de inovação e empreendedorismo nesses espaços, nos quais são ensinadas maneiras de viabilizar a inserção de inovações no mercado, seja diretamente ou através de transferências de tecnologia. Capacitar alunos e professores em metodologias atuais e dinâmicas é fundamental! Para isso, universidades podem contar com empresas e outras organizações como parceiras nesse processo.   

 

Espaços de pesquisa e trabalho compartilhados

Infraestrutura é primordial para o desenvolvimento tecnológico de uma nação. O Brasil possui, de acordo com o índice, uma boa infraestrutura online, contudo pontua baixo em infraestrutura geral. Sabe-se que, para inovações em hard sciences, a infraestrutura possui um alto custo e nem sempre pesquisadores e pequenas empresas têm acesso a equipamentos de ponta. Ao mesmo tempo, existem diversos equipamentos em espaços públicos e privados que são subutilizados. Uma solução em andamento para este dilema é o aumento de espaços compartilhados, tanto de laboratório quanto para trabalho. Assim, com custos bem mais baixos, pesquisadores, startups e empresas conseguem acessar equipamentos e serviços de terceiros seguindo normas pré estipuladas. O aumento, que já ocorre, destes espaços ajuda na consolidação de novas empresas e acelera o tempo que um produto chegará ao mercado.   

 

Cooperação entre universidade e empresa

Sabemos que nem todos pesquisadores desejam trabalhar em empresas ou desenvolver um próprio negócio inovador, mas ainda é possível desenvolver pesquisas e criar tecnologias que chegarão até o mercado. Este processo é possível quando universidades e empresas possuem relações estreitas e a transferência tecnológica é bem estruturada. Universidades devem facilitar os processos internos de propriedade intelectual e transferência tecnológica, já empresas devem se aproximar das instituições de pesquisa e fomentar o ecossistema. A troca entre estes dois atores é fundamental para o sucesso da inovação e cabe aos dois estreitar este relacionamento no Brasil. 

Estes 3 pontos são, direta ou indiretamente, tratados no Marco Legal da Inovação que trouxe mudanças importantes para a estruturação da ciência, tecnologia e inovação no Brasil, contudo somente a legislação não é suficiente. Instituições envolvidas com o tema precisam adaptar seus modelos de gestão e processos internos para que seja possível converter os inputs de inovação em outputs

É importante ressaltar que apenas os três pontos citados também não são suficientes. Melhorar a pontuação no índice de inovação envolve diversos setores da sociedade e do governo. O objetivo deste artigo é trazer mudanças que já estão em andamento que podem trazer grandes impactos nos resultados brasileiros. 

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