Isabela Allende, Gerente de Operações e Parcerias da Biominas, compartilha como o Brasil ainda pode crescer em Pesquisa Clínica, se impulsionado pela inovação, tecnologia e pela cooperação entre os diversos atores do setor.
A Cúpula Brasileira de Inovação em Saúde reuniu especialistas, startups, líderes da indústria e representantes do governo para conversar sobre o futuro da inovação no setor. Organizado pelo Sindusfarma, RBIF e Biominas Brasil, o evento trouxe discussões importantes sobre biotecnologia, propriedade intelectual, inclusão e, principalmente, o papel fundamental das parcerias estratégicas para o avanço da pesquisa clínica no Brasil.
Tive a oportunidade de participar de uma mesa redonda com o tema “O Papel da Inovação no Avanço da Pesquisa Clínica no Brasil”. Junto aos especialistas Marina Domenech, fundadora da SAIL for Health, e Claudiosvam Sousa, coordenador de Pesquisa Clínica em Medicamentos e Produtos Biológicos (Copec) na Anvisa, discutimos os desafios e as oportunidades que o campo oferece.
Embora o Brasil já seja responsável por uma boa parte dos estudos clínicos na América Latina, nossa participação no cenário global ainda é limitada. Isso mostra o quanto ainda podemos crescer, impulsionados pela inovação, tecnologia e, claro, pela cooperação entre os diversos atores do setor.
Fortalecendo a Colaboração no Ecossistema de Pesquisa Clínica
A pesquisa clínica é um campo que depende de muita gente — desde universidades e centros de pesquisa até empresas farmacêuticas e órgãos reguladores. Para que possamos avançar, é essencial fortalecer a colaboração entre academia, indústria e governo. No debate, ressaltamos a importância de preparar melhor as instituições de ensino e pesquisa para lidarem com a crescente demanda por estudos clínicos.
Claudiosvam, coordenador da Copec, na Anvisa, destacou como a agência tem se esforçado para promover um ambiente mais amigável à inovação. Discutimos as mudanças nos processos regulatórios que estão em andamento, com o objetivo de reduzir a burocracia e, ao mesmo tempo, manter o rigor ético e regulatório. O foco é facilitar a inserção de novas tecnologias e inovações no Brasil, criando um ecossistema mais dinâmico e acessível.
O Impacto da Tecnologia na Pesquisa Clínica
Outro ponto central da conversa foi o impacto das novas tecnologias, como a inteligência artificial, plataformas digitais e o uso de dados biomoleculares e genéticos, que estão transformando a forma como conduzimos a pesquisa clínica. Essas inovações não só tornam os processos mais ágeis, como também podem ajudar a reduzir os custos. Uma questão que levantamos foi: “A tecnologia tornará a pesquisa clínica mais barata?” A resposta foi sim, desde que os processos internos estejam bem estruturados para que essas ferramentas digitais realmente funcionem de forma eficiente.
Apesar do enorme potencial da tecnologia, ficou claro que a simples adoção de novas ferramentas não resolve tudo. A organização e estruturação dos processos nas instituições são fundamentais para garantir que automação, IA e outras tecnologias alcancem seu máximo potencial.
O Papel das Startups no Crescimento da Pesquisa Clínica
O aumento do número de startups de saúde que estão chegando às fases clínicas também foi comentado durante a conversa. Muitas dessas empresas ainda não possuem uma estratégia regulatória sólida e carecem de suporte no ecossistema. Durante o debate, ficou evidente a necessidade de fortalecer o apoio a essas startups, criando um ambiente que ajude a superar barreiras regulatórias e adotar inovações que aceleram o desenvolvimento de suas soluções.
Nesse cenário, instituições como a Biominas e a SAIL for Health foram citadas como parceiros essenciais para essas startups, oferecendo programas que conectam empreendedores com investidores, reguladores e especialistas, além de promover capacitações técnicas.
Brasil como Potência em Pesquisa Clínica: O Papel da Inovação
O Brasil tem vantagens competitivas claras no campo da pesquisa clínica, como a diversidade populacional, custos atrativos e uma infraestrutura de qualidade. No entanto, ainda há muito espaço para crescer e aumentar nossa participação global. E é aqui que a inovação entra como fator-chave, ajudando o país a consolidar sua posição como líder na condução de estudos clínicos que podem impactar não apenas a saúde local, mas também a internacional.
Essa discussão mostrou que, para que o Brasil assuma um papel de destaque no cenário global, é necessário continuar apostando na combinação de tecnologia, cooperação e inovação. O trabalho conjunto entre academia, governo e indústria será essencial para garantir que o país avance nesse campo.
Texto escrito por Isabela Allende, Gerente de Operações e Parcerias da Biominas Brasil