Primeiro dia do InovafitoBrasil Summit 2024 destaca desafios regulatórios, inovação e sustentabilidade no setor fitoterápico
Nesta quinta-feira (21), o Rio de Janeiro foi palco do primeiro dia de programação do InovafitoBrasil Summit 2024, um dos maiores encontros do setor fitoterápico no Brasil. O evento, realizado na Associação Comercial do Rio de Janeiro, reuniu mais de 150 participantes para debater temas cruciais como regulação, transferência de tecnologia, sustentabilidade e tendências globais, com a presença de especialistas e líderes do setor.
A abertura oficial contou com nomes de destaque, como Jorge Souza Mendonça (Farmanguinhos), Isabela Allende (Biominas Brasil), Miriam Guimarães (Sebrae) e Peter Andersen (Grupo Centroflora) e Túlio Ceretta Zozolotto (L’Oréal). Os discursos reforçaram o papel estratégico do Brasil no mercado global de fitoterápicos, com ênfase na necessidade de alinhar inovação tecnológica e preservação da biodiversidade.
Allende explicou que o evento tem como um de seus principais objetivos propagar a missão da plataforma InovafitoBrasil “A iniciativa visa trazer conhecimento sobre desenvolvimento de produtos à base da biodiversidade brasileira e gerar conexões entre os diversos atores deste setor”, explicou.
Já Miriam Ferraz (Sebrae) destacou que cooperação é uma palavra de ordem em um evento como este, pois retrata este ambiente cooperativo onde você propõe abordar o desenvolvimento da ciência e tecnologia com o uso da biodiversidade. “Palavra inovação, desenvolvimento, biodiversidade e sustentabilidade são palavras-chave para o que o mundo está esperando, neste sentido o desenvolvimento dos fitoterápicos é um caminho sem volta”, pontuou.
A importância da regulação e da transferência de conhecimento
Além da abertura, a manhã foi marcada por dois painéis fundamentais. No primeiro, sobre desafios regulatórios para fitoterápicos, moderado por Ana Maria Soares (UNAERP), representantes João Paulo Silverio (Anvisa) e da Gislaine Gutierrez (Abifisa) debateram formas de simplificar os processos regulatórios sem comprometer a segurança dos produtos. Gutierrez destacou a importância do rigor técnico e científico com os fitoterápicos. “Olhar para o produto com a coerência que ele precisa, vai ter uma mudança sobre como considerar os processos de qualidade, como criar rótulos, bula”, pontuou. “Também é necessário pensar nas demandas, porque as empresas não utilizam os processos facilitados da Anvisa de notificar fitoterápicos?”, complementou Gutierrez.
O segundo painel, mediado por Valber Frutuoso (Fiocruz), discutiu a transferência de conhecimento gerado em instituições públicas para o setor privado. Isabela Allende (Biominas Brasil) explicou que o TRL (Technology Readiness Level) é uma ferramenta que apoia a geração de uma linguagem comum. Segundo Allende, o que falta é gerar o entendimento sobre os TRLs. “Hoje cada parceiro cria seus próprios conceitos, mas precisamos ter atenção para que sejam criadas regras de padronização”. Já Luiz Catalani (USP) lembrou que o TRL nos ajuda a nos posicionar, mas que o desenvolvimento de produtos e negócios é muito mais complexo que isso.
Na palestra também tivemos a apresentação de casos de sucesso especialistas como Norberto Peporine (USP), que contou que “hoje a USP possui uma planta para escalonamento, que realiza diversos testes de qualidade, para que os projetos já cheguem à indústria, no TRL 5, preparados”.
Cadeia de valor e inovação em cosméticos reforçam a sustentabilidade
A biodiversidade e a sustentabilidade foram pautas essenciais durante o dia. O painel sobre a cadeia de valor de produtos da socio-biodiversidade, moderado por Maria Behrens (Fiocruz), destacou a importância de integrar comunidades locais na produção de fitoterápicos. Nadja Maria Lepsch da Cunha Nascimento (MDIC) frisou que o controle de qualidade é um ponto bastante importante no indeferimento de fitoativos. “Por isso, queremos trazer subsídio para políticas públicas para realizar o controle de qualidade, onde queremos entender as melhores práticas”, contou. Também participaram deste painel Joseane Costa (MDA) e Priscylla Moro (Brazbio).
Já o painel sobre inovação e sustentabilidade no setor de cosméticos trouxe Eamim Squizani (SENAI CETIQT), Alice Xavier e Túlio Ceretta Zozolotto (L’Oréal) para discutir tendências futuras. Zozolotto explicou que a L’Oréal enxerga um potencial imenso nos ingredientes naturais, porém há o desafio de comprovar a performance e principalmente escalonar. “Quando a gente olha o potencial todo que ela representa, precisamos encontrar formas de estudá-los, confirmar sua eficácia, deixar os produtos seguros para a sua utilização e trazer valor para o que estamos produzindo aqui”, destacou.
Como avaliar tecnologias promissoras?
No painel sobre TRLs 1 a 3, mediado por Norberto Peporine (USP), especialistas discutiram os desafios de identificar tecnologias promissoras nos estágios iniciais da pesquisa. Rochel Lago (UFMG) ressaltou que a Biominas Brasil foi essencial para sua formação no que tange à visão de negócios, além disso ele apresentou o Escalab, um projeto focado em escalonamento de tecnologia. “Possuímos programas de pré-aceleração e aceleração para startups em parceria com a indústria, que trazem seus desafios para se conectarem com soluções aderentes”, informou.
Já Daniela Trivella (CNPEM) apresentou o laboratório do CNPEM que faz gestão de amostras da biodiversidade e a partir daí seleciona moléculas para aplicações em fármacos. “Queremos desenvolver e fazer inovação no Brasil, e fazer projetos para desenvolvimento de produtos. Temos 10 projetos da biodiversidade brasileira e desses 7 em parceria com a Embrapii”, contou. Também participou desta palestra Cristiano Guimarães (Nintx).
Experiências internacionais inspiram participantes
O primeiro dia encerrou com uma mesa internacional, moderada por Umesh Patil (Índia) e que contou com a presença Stefan Gafner (Herbalgram/USA), Patrícia Rijo (Universidade Lusófona) e Fabio Boylan (Trinity College Dublin). Segundo Boylan, nós temos que começar de algum lugar, pois é essencial ter suporte para que possamos fomentar a colaboração internacional. “Estamos bem apertados a receber colaboração e de fato tendo o respaldo do governo brasileiro de forma geral, agência nacional e outras universidades abre bastante o caminho para a gente e facilita a colaboração”, resumiu.
InovafitoBrasil Summit e o potencial brasileiro
O InovafitoBrasil Summit está em sua primeira edição e busca pavimentar o caminho para novas discussões na área de fitoterápicos no Brasil. Ligado à plataforma InovafitoBrasil, a iniciativa busca viabilizar a produção de novos medicamentos fitoterápicos a partir da aproximação dos atores do ecossistema de inovação.
O evento continua amanhã (22) com uma programação focada em inovação aberta e oportunidades no mercado fitoterápico. Siga a plataforma InovafitoBrasil nas redes sociais (Instagram e Linkedin) para acompanhar as atualizações!