Segundo e último dia do InovafitoBrasil Summit 2024 reforça a importância da bioeconomia e discute os desafios de levar produtos fitoterápicos ao mercado.
Nesta sexta-feira (22), o InovafitoBrasil Summit 2024 encerrou sua programação com debates enriquecedores, estudos de caso e painéis que abordaram os desafios e oportunidades da bioeconomia e da inovação no setor fitoterápico.
O primeiro painel do dia, moderado por Laura Paixão (Biominas Brasil), abordou o acesso e a repartição de benefícios relacionados à biodiversidade brasileira. Especialistas como Ana Dias (CGen – Abifina) e Luiz Marinello (Marinello Advogados) debateram aspectos legais e práticos do tema, ressaltando a importância de um equilíbrio entre preservação e exploração sustentável. Dias contou que, atualmente, está desenvolvendo um estudo sobre patentes de medicamentos que contêm biodiversidade. “Existem cerca de 1500 patentes neste setor, sendo que a maioria delas é depositada por universidades”, contou.
Marinello informou que o Brasil ratificou o Protocolo de Nagoia – Convenção do Clima e Convenção sobre Diversidade Biológica, no qual todos os países signatários precisam se reunir a cada dois anos para estudar o tratado. “O Brasil ratificou este acordo, que representa um grande centro de transparência e trocas, onde as indústrias brasileiras podem acessá-lo para, por exemplo, utilizar a biodiversidade de outros países, como a África do Sul”, explicou.
Na sequência, o painel sobre fomento e investimentos para a bioeconomia, mediado por Isabela Allende (Biominas Brasil), trouxe insights valiosos de Igor Bueno (Finep) e Vitor Pimentel (BNDES). Durante sua fala, Bueno apresentou as ações da Finep sobre políticas industriais e como elas podem mudar, sendo, por exemplo, não reembolsáveis, subvenção econômica, investimento ou linhas de crédito. “O objetivo das chamadas públicas é ser estimulante ao público, onde ela é de fluxo contínuo e fica aberta até o recurso esgotar”, informou.
Já Pimentel falou sobre as políticas industriais focadas em saúde em vários países, além de abordar a parte regulatória. “No Brasil, a política nacional industrial focou em 6 missões. Hoje o BNDES possui linhas de financiamento, seja não reembolsável, capital de risco e crédito. Além disso, foi aprovado um fundo de investimento em saúde, para startups que atuem com tecnologias e bases científicas”, apontou.
Além disso, ambos destacaram que as tecnologias que atendem aos requisitos ESG estão, aos poucos, ganhando espaço, mas ainda há muito a avançar.
Estudos de caso e desafios no mercado
O evento também contou com dois estudos de caso inspiradores. O primeiro, apresentado por Gabrielly Galdino (Aché), trouxe a experiência do projeto Bioprospera, destacando o compromisso da empresa com a inovação e a sustentabilidade.
Segundo Galdino, o foco do Bioprospera hoje é o desenvolvimento de produtos, sejam cosméticos ou medicamentos, visando utilizar o que temos de melhor no Brasil, que é a nossa biodiversidade. “Temos diferentes projetos em que pesquisamos ativos da nossa biodiversidade, sempre com o olhar voltado para um acesso sustentável, para trazer retorno para essas comunidades que muitas vezes são as responsáveis pelo cultivo desses insumos”, pontuou.
O segundo caso, foi apresentado por Ana Maria Soares (UNAERP), detalhou a jornada do Barbatimão, uma planta com propriedades medicinais transformadas em medicamentos
Jornada empreendedora em fito
A programação do evento foi organizada para abordar os desafios dos diferentes Níveis de Maturidade Tecnológica (TRL/MRL), uma vez que a plataforma InovafitoBrasil apresenta um roteiro padronizado de desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos por TRL, incorporando as leis regulatórias no contexto dos níveis de atualização tecnológica.
Por isso, dando continuidade à jornada no segundo dia do evento, apresentamos um painel focado nos desafios dos TRLs 4 a 6. Moderado por Cristina Ropke (Herbarium), a conversa contou com a expertise de João Calixto (UFSC) e Maria Eloisa Figueiredo (Grupo Centroflora). Os palestrantes exploraram estratégias para superar barreiras no escalonamento e testes pré-clínicos de produtos fitoterápicos. Calixto enfatizou que o pesquisador não tem, durante sua formação, um treinamento sobre o aspecto regulatório. “No momento em que ele cria uma startup, ele pensa no produto e qual caminho quer seguir. No caso dos fitoterápicos, este processo (de escalonamento) ocorre já na etapa inicial”, comentou.
Segundo Ropke, um dos incentivos – estruturais e/ou financeiros – que podem apoiar a realização de testes pré-clínicos e o escalonamento de ingredientes farmacêuticos de origem vegetal são os institutos de pesquisa credenciados pela Embrapii, que possuem excelentes estruturas de pesquisa e podem financiar até 70% dos projetos de parceria com o setor industrial. “Também temos as linhas de pesquisa que a Finep tem disponibilizado para as empresas e a linha de suspensão. Então há canais muito interessantes para passar por essa fase tão exigente e ainda de alto risco do desenvolvimento tecnológico de fitoterápicos”, informou.
Já na tarde, tivemos um painel sobre os TRLs 7 a 9. A conversa encerrou a programação de debates com uma discussão sobre como colocar produtos no mercado. Mediado por Eduardo Pagani (Azidus), o painel contou com a participação de Rômulo Dragani (Nintx) e JanCarlo Delorenzi (Hebron), que compartilharam estratégias práticas e casos reais.
Para a Pagani, a possibilidade de atender às necessidades médicas que ainda não são atendidas é o diferencial dos fitoterápicos. “Há um grande potencial, mas que até hoje tem sido mais teórico do que concreto e prático e, no momento que isso puder ser feito, acredito que os fitoterápicos mudam de patamar. Agora, existem outros fitoterápicos que também podem ser úteis como adjuvantes. Ou seja, ele não é o tratamento principal, mas atua como adjuvante no tratamento de doenças. Já temos fitoterápicos assim, inclusive em doenças graves como o câncer, onde eles não são o tratamento principal, mas de alguma forma aliviam o sofrimento ou têm propriedades nutricionais, coisas desse tipo”, explicou.
Encerramento do Summit e perspectivas futuras
O evento foi encerrado com palavras de agradecimento da organização, reforçando o compromisso da plataforma InovafitoBrasil em continuar promovendo a aproximação de atores estratégicos do ecossistema de inovação fitoterápica. “Agradeço ao Sebrae, Farmanguinhos, L’Oréal, Grupo Centroflora, Aché, Marjan Farma e Herbarium por terem nos apoiado na realização desse evento. Muito obrigada a todos!”, agradeceu Isabela Allende (Biominas Brasil).
Para Glauco Marques (Marjan Farma), o evento foi muito bem organizado. “Para nós, na qualidade dos patrocinadores, eventos como esses são extremamente importantes para nos aproximar do ecossistema, principalmente dos centros de tecnologia startups e também de todo o ecossistema de inovação”, destacou.
Já Douglas Chaves (SBFgnosia) comentou que nos 80 anos da instituição, este é o primeiro evento de inovação que eles realizam. “O know-how da Biominas foi essencial para o sucesso deste evento de inovação e essa parceria vai continuar!”, finalizou.
Assim, o InovafitoBrasil Summit 2024 deixou um legado de conhecimento e conexões, pavimentando o caminho para o fortalecimento do setor no Brasil e no mundo. Acompanhe as atualizações da plataforma InovafitoBrasil nas redes sociais (Instagram e Linkedin) para não perder as próximas iniciativas!