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Problem-led leadership – O estilo MIT de liderança para inovação. Faz sentido para minha empresa?

13

mar 2020

Por:Biominas Brasil
Biominas

Há cerca de 90 anos a temática liderança tem sido objeto de estudos científicos de pesquisadores. Frente à sua relevância e impacto no ambiente organizacional, também se torna um ponto de atenção nas grandes empresas. Ainda com as mudanças aceleradas nas últimas décadas, o conceito e teorias em torno deste assunto também vem sendo colocados à prova há todo instante, o que demanda a exploração por novas análises e perspectivas neste universo.

Uma destas perspectivas, estudada por pesquisadores do MIT, no artigo “The Power of Leaders Who Focus on Solving Problems” , traz à tona uma discussão de grande relevância sobre o modelo de liderança em ambientes de inovação com foco na resolução de problemas. O artigo aborda a experiência da instituição e uma análise intrigante acerca deste estilo de liderança singular e natural que foi identificado em seus alunos. Esta análise será base para extrapolar o assunto e instigar os leitores à reflexão a partir dos seguintes entendimentos:  

 

  • Parte 1 – O perfil da liderança orientada à problemas.
  • Parte 2 – O papel deste modelo de liderança em uma instituição e seu impacto.
  • Parte 3 – O estilo de liderança MIT no contexto corporativo.

 

Parte 1 – O perfil da liderança orientada à problemas

 

É fato que o MIT é hoje uma das instituições de ensino de referência global. Com um conceito diferenciado de educação, é responsável pela formação de talentos de todo o mundo. Além disso, o conhecimento gerado impacta a sociedade com o desenvolvimento de novas tecnologias e trazem inovação de alto valor agregado para diferentes setores da economia.

E quando o assunto é liderança, o instituto identificou um perfil de comportamento diferenciado. Os estudantes se vêem como um grupo de pessoas auto organizadas que trabalham em busca de alcançar grandes e ousados objetivos. Associado à grandes desafios, uma tendência natural do ambiente executivo é identificar o papel do líder como elemento central para uma execução de excelência. No entanto, no caso do MIT, os talentos que mais se destacam não possuem aspiração pela liderança, pode-se afirmar que eles se tornam líderes apesar deles mesmos. De alguma maneira a liderança apenas acontece. Mas como? 

O que foi identificado pelos pesquisadores no estudo sobre liderança no MIT, é que poucos de seus estudantes estão realmente interessados em seguir outra pessoa. O interesse genuíno da maioria está em seguir problemas. E o que isso significa? Os alunos são atraídos e tem disposição para investir tempo e um enorme de esforço e atenção naqueles problemas que representem grandes incógnitas para eles mesmos e para outras pessoas. E esta disposição não se mantém caso eles não avaliem o problema como atrativo o bastante, ainda que estejam sob uma liderança altamente envolvente e inspiradora.

Pode-se destacar como principal diferença no comportamento de líderes da instituição e outros perfis de liderança, algumas de suas principais habilidades identificadas. Enquanto em uma visão tradicional, o líder tem como destaque habilidades de delegar e motivar pessoas, a principal marca dos líderes MIT está na habilidade de identificar e articular grandes problemas e desafios que inspirem outras pessoas a se envolverem e darem o seu melhor. E isso tem um impacto direto na instituição, conforme analisado a seguir.

 

Parte 2 – O papel deste modelo de liderança em uma instituição e seu impacto

 

Este modelo de liderança adotado pelo MIT gira em torno de 3 elementos:

  • Identificação de um problema convincente – que exige uma capacidade altamente inovadora e um diferente tipo de pensamento baseado na análise dos “first principles”;
  • Uma busca engajada e até mesmo obsessiva pela solução desse problema;
  • Capacidade de envolver outras pessoas nesse desafio a partir da relevância do problema. 

 

Não é algo comum de se encontrar nas universidades, em empresas ou até mesmo em estudos, este conceito de liderança orientada à problema e muito menos como colocá-lo em prática. Mas este conceito é tão presente no MIT, que ele é cultivado desde o início da trajetória do estudante no instituto, não apenas na estrutura de ensino, mas também tendo os alunos como participantes ativos na governança da instituição. De uma maneira sistêmica, não se trata apenas de focar em uma solução criativa de um problema que distingue o seu trabalho de outros, mas tudo se inicia pela escolha do problema a ser focado em primeiro lugar.

No instituto, o aluno é recebido e incentivado desde o início para resolver problemas de maneira apaixonada. Sua curiosidade é reforçada, a orientação por dados e métodos científicos são a base para suas descobertas, interação e aprendizado de maneira rotineira. Tais características emergem uma diferente forma de gestão, mais orientada à auto-organização em detrimento à um ambiente de controle top-down, ainda tão comum em corporações.

Tendo em vista os resultados robustos na formação de talentos que passam pela instituição, a ideia no próximo ponto de análise é explorar este modelo de liderança aplicado em um realidade corporativa. 

 

Parte 3 – O estilo de liderança MIT no contexto corporativo

 

É importante ter em mente que diferentes contextos demandam diferentes tipos de liderança. Este pressuposto está associado principalmente à dinâmica dos dias atuais, onde o ambiente corporativo está imerso à uma realidade altamente volátil, incerta, complexa e ambígua – conheça mais sobre este termo, que em inglês é apresentado pelo acrônimo VUCA – , e diariamente são demandadas diferentes habilidades para a gestão de uma organização.

Este contexto tem uma interferência especial em ambientes inovadores. Para isso, é essencial a articulação de times complementares com habilidades e competências que juntas sejam capazes de focar na solução de problemas complexos. Para o MIT, essa teoria posta em prática significa reunir pessoas com perspectivas diferentes sobre o problema, mas com um senso comum do papel e contribuição de cada um. Além disso, existem diferentes pontos de ação, que por sua vez irão demandar diferentes líderes ao longo de um mesmo projeto, para alcançar os melhores resultados.

Neste modelo de liderança, ao avaliar as evidências mapeadas pelos pesquisadores do MIT em relação ao seu grupo de alumni, estes possuem uma maior presença e estão liderando efetivamente no mundo real em ambientes de inovação com duas principais características:

 

  • Existência de uma robustez em know-how técnico, com um forte elemento científico e tecnológico por trás;
  • São espaços onde as estruturas hierárquicas de gerenciamento se tornaram menos eficazes ou deram lugar a empresas mais colaborativas.

 

Atualmente, existem empresas que já nascem com este DNA. Porém, um grande desafio em questão é como adotar este modelo em grandes organizações, que muitas vezes já possuem toda uma lógica de trabalho bem estruturada em modelos mais tradicionais e precisam passar por esta transição para se manterem inovadoras e competitivas no mercado.

Algumas destas empresas que acompanham as necessidades de mudança, já estão implementando práticas de gestão ágil para inovação e squads. O movimento de transição para um modelo como este, é muitas vezes abordado sob a perspectiva de desafios para o seu funcionamento e os elementos de sucesso que contribuem para alcançar mais resultados, o que é um assunto para outro artigo. Mas com foco na visão de liderança, objeto de análise deste artigo, a mensagem final está em torno da importância do entendimento deste perfil incomum de líder. Um conhecimento gerado não apenas em análises conceituais, mas partindo da experiência de uma das instituições de maior influência na formação de talentos para inovação.

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