A força econômica de um país vem da capacidade de empresas novas (ou em crescimento) introduzirem diversidade no mercado, promovendo competição entre os atores. Certamente todos nós algum dia já pensamos algo como: tão bom seria se não houvesse competição. Mas competir é fundamentalmente inovar.
É importante que não fiquemos paranoicos com o conceito de inovação, imaginando que sempre tenha que ser a criação de drones ou de TVs HD 4K. O Manual de Oslo, que ordena mundialmente o entendimento do que é inovação, a define, em síntese, como um produto, processo, prática comercial ou organizacional, novos para a empresa ou para o mercado.
Ou seja, a empresa pode inovar em seus processos de produção, ser mais competitiva em custo e o mercado pode não perceber alteração significativa no produto. Pode também ser a introdução de um novo produto no mercado, que mude competitividade, habilitando a empresa a ser mais lucrativa. Em suma, inovar é mudar algo na empresa, ou em seu produto, e que a torne mais competitiva, lucrativa e sustentável.
Provavelmente você já inovou e talvez não tenha percebido. O Fórum Econômico Mundial publica o Índice Global de Competitividade e considera em seu método doze pilares que definem o grau e estágio de competitividade de um país.
Os pilares são: ambiente institucional, infraestrutura, ambiente macroeconômico, saúde e educação primária, educação superior e treinamento, eficiência do mercado, eficiência do mercado de trabalho, desenvolvimento do mercado financeiro, disponibilidade de tecnologia, tamanho do mercado, sofisticação dos negócios, e, por fim, inovação.
Já os estágios de competitividade são três: fatores de produção, eficiência e inovação. O Brasil é classificado no estágio de eficiência e ocupa a posição 57 no relatório de 2014-2015.
De todos os pilares listados, percebe-se a inter-relação entre eles e que, a rigor, aquilo que está sob controle da empresa é a capacitação e a inovação.
Para que a pequena e média empresa no Brasil inove são necessários alguns pontos. Primeiro, é preciso entender que, dados os outros pilares, a nossa inovação está focada em eficiência, e sendo assim, estruturar esse processo de busca por produtividade via inovação como parte do modelo de gestão da empresa.
O segundo aspecto está ligado ao modelo de gestão: a empresa precisa criar cultura de inovação, que implica desde a disciplina de estruturação das ideias geradas, de quais deram certo e por que, passando pela mudança de atitude dos gestores quanto à tolerância ao erro. Inovação é um jogo de probabilidades.
Outro item, que destaco com ênfase, é que inovação é uma ideia que se converteu em valor, e ideias vem de mentes capacitadas para criar. Logo, o principal caminho para inovar é contratar talentos e capacitá-los. Isso é investimento sim, mas não se ganha dinheiro sem investir, e não adianta ter máquinas ou processos sem gente preparada para conduzi-los. Inovar é investir em gente.
Por Ricardo Fasti Fonte: Exame.com