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Desafios de empreender além do eixo Sul-Sudeste

Desafios de empreender além do eixo Sul-Sudeste: como fomentar o protagonismo e o investimento bioempreendedor em outras regiões?

Não é novidade que as grandes metrópoles dominam o ecossistema de inovação em bio, mas como e por que devemos promover também o bioempreendedorismo em regiões mais distantes dessa realidade?

A partir da primeira metade do século XX, o estado de São Paulo já tinha se tornado o principal centro de desenvolvimento econômico do Brasil. Só no ano de 2021, recebeu por volta de US$7,77 bilhões em capital de risco — Totalizando 65% dos aportes de startups — mais que o total levantado pela Colômbia (US$6,6 bilhões), segundo país latino-americano que mais recebeu investimentos de venture capital no mesmo ano, de acordo com dados da Distrito.

Em contrapartida, de acordo com mapeamento realizado pela Associação Brasileira de Startups (AbStartups), apenas 31,7% de todas as startups nordestinas mapeadas independentemente do segmento receberam investimento, seja através de investidor-anjo ou programas de aceleração. Existem muitos fatores que ocasionam nesse resultado desigual, por exemplo, parte advém do processo histórico de êxodo das diversas regiões brasileiras para o Sudeste. Essa migração secular de populações ainda hoje impacta o desenvolvimento de várias localidades.

 

E qual é o impacto disso nas startups de bio? 

Na área de biotecnologia conseguimos visualizar que, juntas, as regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte representam apenas 10% de todas as empresas levantadas pelo Profissão Biotec.  Apesar dos desafios enfrentados, o Nordeste já se apresenta como um novo hub de inovação do Brasil, com destaque para Ceará e Pernambuco. Isso porque estão sendo realizadas grandes parcerias entre empresas, institutos e universidades. 

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Dados do Profissão Biotec, 2022.

Levando isso em consideração, a equipe Biominas convidou Agna Tavares, analista de aceleração de negócios no Ceará, para falar mais sobre os principais desafios de empreender no Norte-Nordeste na área de biotecnologia:

 

De acordo com Agna: 

Há muitos desafios para empreender em biotecnologia. Não só em questão de investimento, mas pensando também numa perspectiva histórica de desenvolvimento econômico e social de cada região. A própria criação de universidades está ligada a esse avanço no conhecimento científico e educacional, que está diretamente relacionado com a criação de mão de obra qualificada, essencial para a formação de pessoas com viés empreendedor. 

Houve um massivo investimento do governo para o desenvolvimento dessas regiões Sul/Sudeste numa perspectiva industrial também, e desde sempre isso vem influenciando para trazer investimentos e facilitando acesso a crédito. É só pensar na quantidade de dinheiro investido em Venture Capital em São Paulo e no Ceará, por exemplo. Esse investimento permite várias outras coisas, como a facilitação da malha logística e criação de uma maior densidade de agentes econômicos que, unidos, permitem a criação de um Sistema de Inovação em Biotecnologia mais robusto.

Nossa dificuldade enquanto Norte/Nordeste é a descentralização desses agentes, somado a investimento ainda incipiente em tecnologia por parte da \”tripla hélice\”: o governo fomenta pouco o desenvolvimento industrial/tecnológico, as empresas não têm incentivo e não é competitivo para elas nascerem nessa região com poucas redes de apoio (como incubadoras, aceleradoras etc) e uma universidade que cria diversas tecnologias, mas que não lança isso para o mercado.”

 

Por que devemos mudar isso?

Fomentar de diversas formas a inovação e empreendedorismo em locais distantes dos principais pólos de inovação ou até considerados remotos auxilia no desenvolvimento regional, sendo uma maneira estratégica para o combate das assimetrias encontradas nas diferentes regiões do país.

Podemos acentuar que o surgimento de novas startups pode gerar empregos para as comunidades, o que fortalece a economia. Além disso, investir nos bioempreendores a nível regional auxilia não só no desenvolvimento econômico mas, também, no protagonismo dos atores locais. Isso proporciona oportunidades aos cidadãos, que desenvolvem soluções para problemas que vivenciam nas localidades.

 

E como?

Podemos mudar essa realidade por diversas vias, seja através da promoção de políticas de fomento ou capacitação. 

De acordo com a agência de rádio Brasil 61, existe uma possibilidade, que está sendo avaliada pelo Congresso Nacional, de inclusão das startups entre os beneficiários dos fundos constitucionais regionais. Atualmente esses fundos aplicam certo percentual dos impostos federais arrecadados em programas de financiamento ao setor produtivo nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste para promover desenvolvimento dos locais onde são aplicados visando diminuição das desigualdades regionais.

É estudado que o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) seja direcionado às empresas que desenvolvem atividades nos setores mineral, industrial, agroindustrial, turístico, comercial, ou nas áreas de serviços, ciência, tecnologia e inovação, como descrito no PL 5306/2020 e a ideia é que o benefício possa ser estendido às startups. 

Mas, para empreender é necessária muita capacitação, desde o entendimento do mercado local, compreensão das demandas e das especificidades de modelos de negócio em ciências da vida e aí que entram os programas de pré-aceleração e de aceleração que podem alcançar esses diferentes locais.

 

Apesar dos desafios, cada vez mais surgem oportunidades!!!

Assim, a biotecnologista Agna comenta sobre as oportunidades presentes nessas regiões:

“Mas sim, apesar desses desafios, temos muita oportunidade por aqui. Está sendo cada vez mais incentivado pelos governos a formação de Arranjos Produtivos Locais em Biotecnologia, o que significa que há todo um arcabouço de incentivos para criação de empresas de biotech. Além de leis e incentivo fiscal, há fomento direto por meio de editais de inovação, programas para apoio a empreendedores e tudo mais. 

A maior oportunidade é que agora se percebe a riqueza dos ecossistemas do N/NE, não só em oportunidade econômica, proximidade de algumas regiões com Europa/EUA e espaço, mas também pela riqueza da biodiversidade que se vem descobrindo desses locais.

No geral, também vem se descobrindo o Nordeste, principalmente, como hub de inovação, pois há iniciativas cada vez mais maduras para incentivar e fomentar essas mais startups e scale-ups. Os \”Valleys\” (como Rapadura Valley, Caju Valley…), o Porto Digital em Recife, as aceleradoras, em conjunto com editais de inovação (como Inovafit, editais de bancos, como o banco do nordeste) todas vêm criando incentivos para se desenvolver as iniciativas tecnológica e comercialmente. 

Ainda há um número alto de \”fuga de cérebros\”, mas as pessoas que resolvem desenvolver iniciativas aqui no N/NE vem crescendo cada vez mais. Por enquanto, as maiores empresas que percebo são no modelo “software as a service”, mas vejo uma perspectiva positiva de mais empresas de produto, de serviços e de deep biotech também.”

E com base nessas palavras conseguimos ver uma movimentação do ecossistema de inovação do Norte-Nordeste, para que os desafios de empreender nessa região sejam minimizados através de diversas iniciativas!

 

E o que a Biominas tem feito de contribuição para essa mudança?

Um exemplo de incentivo a pesquisadores e empreendedores de uma região que ainda não é protagonista no empreendedorismo em ciências da vida foi o Programa de pré-aceleração Biotech Rondônia do Governo do Estado de Rondônia, realizado pela Biominas em 2021.

Esse trabalho foi uma ação que fortaleceu a bioeconomia do estado em que os pesquisadores trouxeram soluções em áreas de interesse da região, fazendo com que recursos e potenciais existentes em Rondônia fossem aproveitados, como por exemplo, a rica biodiversidade.

 

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