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Da bancada ao mercado: desafios da jornada de inovação em saúde

Marina Domenech analisa os desafios das startups de saúde no Brasil e os principais gargalos para a inovação. 

 

O Brasil tem características que o fazem o território perfeito para o desenvolvimento científico. Biodiversidade e diversidade populacional únicas, um dos maiores sistemas de saúde do mundo, uma agência regulatória globalmente reconhecida, ampla produção acadêmica (somos o 5o país com maior volume de publicações em ciências biológicas e agro), detemos 47% de toda pesquisa realizada na América Latina. 

E isso se reflete em um campo aquecido de startups e scale-up biotechs que desenvolvem tecnologias para endereçar desafios globais, como mudanças climáticas, escassez de alimentos e futuras pandemias. O Brazil Biotech Report – Driving LATAM’s Global Footprint, relatório lançado pela Endeavor em 2024, analisou 94 negócios do tipo – 70% deles relacionados a ciências da vida (saúde humana e animal), o que evidencia o potencial real do Brasil no desenvolvimento de soluções para a saúde global.

No entanto, ainda de acordo com a Endeavor, enquanto fintechs necessitam de três anos para levar seus produtos ao mercado, startups de saúde enfrentam um caminho mais longo – que demanda um intenso processo de pesquisa, reconhecimento de patentes e adequação a marcos regulatórios – e que dura, em média, sete anos.

Durante esse trajeto, que chamamos de ciência translacional, uma parte dessas startups vai ficando pelo caminho, enquanto outra parte encontra oportunidades de desenvolvimento fora do Brasil. Dados de 2023 do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, do MCTI, mostraram que quase sete mil cientistas deixaram o país nos últimos anos para conduzir suas pesquisas no exterior, uma “fuga de cérebros” que compromete o crescimento do nosso ecossistema de inovação.

Previsibilidade como diferencial competitivo

Há a percepção de que um dos fatores que mais limita o avanço da ciência translacional é a escassez de investimento em pesquisa e desenvolvimento, especialmente em fases iniciais. De fato, a falta de capital pode levar à interrupção de projetos promissores e à perda de talentos, exacerbando o ciclo de dependência da ciência básica sem a devida aplicação prática. E, como fica claro neste gráfico que integra a Pesquisa FORTEC de Inovação 2023, conduzida pelo Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia, o investimento de capital em spin-offs ainda é irrisório.

No entanto, o que mais limita o avanço da ciência translacional no Brasil, na realidade, é a falta de conhecimento estratégico e prático sobre como transformar uma boa ideia em um ótimo produto, com uma visão clara dos recursos (leia-se, especialmente, tempo e financiamento) necessários para tal.

Pois sabe-se que investir em inovação sempre apresenta riscos. Mas a previsibilidade de recursos, associada à compreensão do grau de maturidade tecnológica de cada inovação – o que chamamos de TRL (Technology Readiness Level) –, é o que oferece garantias para o avanço do desenvolvimento científico, permitindo que a ideia saia da bancada, vá ganhando corpo e esteja pronta para chegar ao mercado.

Essa visão clara do ciclo de capital é o que nos permitirá virar a chave. Inverter a lógica do gráfico acima. Fazer com que os recursos sejam alocados de forma cada vez mais estratégica. Afinal, quando falamos em fortalecer o ecossistema local de inovação, olhamos para todas as frentes que formam essa complexa engrenagem para que elas girem em sinergia. Quanto mais inovações escalam, mais robusto se torna esse ecossistema; e quanto mais robusto ele se torna, mais fácil é o acesso a financiamento.

E a previsibilidade é a força motriz dessa engrenagem.

Enquanto isso, incubadoras, aceleradoras e fundos de investimento direcionados à inovação em saúde poderão aprimorar sua atuação como catalisadores, proporcionando o suporte necessário para que pequenas empresas desenvolvam suas ideias até o estágio de mercado. Esse suporte financeiro e técnico não só ajuda a mitigar riscos, mas também encoraja a ambição empreendedora e a criatividade entre cientistas e acadêmicos – o que, no Brasil, temos de sobra.

Artigo escrito por Marina Domenech, Fundadora e CEO da SAIL for Health

 

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