Veja as principais pesquisas e avanços relacionadas ao coronavírus. No nosso quarto especial, você encontrará algumas das principais notícias e estudos, nacionais e internacionais, desde testes utilizando CRISPR até as consequências do movimento antivacina.
CRISPR para testes de coronavírus
O FDA concedeu sua primeira aprovação de uso emergencial para um novo teste de coronavírus que utiliza a tecnologia de edição de genes CRISPR.
O kit de diagnóstico baseado em CRISPR foi desenvolvido pela Sherlock Biosciences, uma empresa de biotecnologia sediada em Cambridge. Ele funciona programando o mecanismo CRISPR, que tem a capacidade de detectar determinadas sequências genéticas, para detectar um fragmento do material genético SARS-CoV-2 em um cotonete de nariz, boca ou garganta ou em fluido dos pulmões. Se o material genético do vírus for encontrado, uma enzima CRISPR gera um brilho fluorescente. O teste pode oferecer os resultados em cerca de uma hora, de acordo com a empresa.
Outros laboratórios também estão desenvolvendo testes de diagnóstico de SARS-CoV-2 com base no CRISPR. No mês passado, pesquisadores em San Francisco, Califórnia, publicaram detalhes de um ensaio que poderia oferecer resultados em cerca de 40 minutos. Uma abordagem semelhante foi relatada em uma pré-impressão (estudo ainda não divulgado oficialmente) por cientistas na Argentina e na Califórnia.
O CEO da Sherlock Bioscience, Rahul Dhanda, diz que a empresa está trabalhando para criar um único cartucho que não precisaria ser processado em laboratório e poderia ser usado em casa. Mas esse teste precisaria de validações adicionais e outra autorização da FDA, diz Dhanda.
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Anticorpos de lhamas no combate do covid-19
Cientistas descobriram em um lhama anticorpos que impediram infecções de SARS e MERS, afirmando que esses mesmos anticorpos também poderiam neutralizar o novo vírus que causa o Covid-19. Eles estavam certos e publicaram seus resultados na revista Cell.
Os seres humanos produzem apenas um tipo de anticorpo, composto de dois tipos de cadeias de proteínas – pesadas e leves – que juntas geram uma forma Y. As proteínas da cadeia pesada abrangem todo o Y, enquanto as proteínas da cadeia leve tocam apenas os braços do Y. As lhamas, por outro lado, produzem dois tipos de anticorpos. Um desses anticorpos é semelhante em tamanho e constituição aos anticorpos humanos. Mas o outro é muito menor; é apenas cerca de 25% do tamanho de anticorpos humanos. O anticorpo da lhama ainda forma um Y, mas seus braços são muito mais curtos porque não possui proteínas da cadeia leve.
Esse anticorpo menor pode acessar bolsas e fendas menores nas proteínas spike – proteínas que permitem que vírus como o novo coronavírus invadam as células hospedeiras e nos infectem – que os anticorpos humanos não conseguem. Isso pode torná-lo mais eficaz na neutralização de vírus.
Os pesquisadores esperam que o anticorpo possa eventualmente ser usado como tratamento profilático, injetando em alguém que ainda não está infectado para protegê-lo do vírus, como um profissional de saúde. Embora a proteção do tratamento seja imediata, seus efeitos não serão permanentes, durando apenas um mês ou dois sem injeções adicionais. Essa abordagem proativa está a pelo menos vários meses de distância, mas os pesquisadores estão otimistas e caminhando para os ensaios clínicos.
Essa notícia foi traduzida e adaptada da reportagem do New York Times.
Hemominas busca por maneiras que aumentar a capacidade de diagnóstico
Pesquisadores da Fundação Hemominas, em Belo Horizonte, desenvolveram uma metodologia para acelerar a realização de diagnósticos de testes de Covid-19. A expectativa é que a velocidade na entrega dos resultados aumente em 40 vezes.
De acordo com Fernando Basques, um dos coordenadores do estudo, a metodologia consiste em unir várias amostras em uma só, agilizando o processo. “Caso a presença do coronavírus seja detectada, desenvolvemos um método que identifica qual o paciente, dentre todos aqueles analisados ao mesmo tempo, está infectado”, explicou. A união de amostras em apenas uma não é novidade. Inclusive é comum na investigação de doações de sangue que chegam ao Hemominas.
O estudo ainda deverá ser publicado em revistas científicas especializadas. Mas para ser implementado, bastaria receber o aval do governo do estado, segundo o médico. “Nós ainda vamos apresentar a pesquisa ao governo. A partir daí, com a permissão, a ideia é que comecemos a implementar a metodologia o quanto antes”, disse Fernando.
Essa notícia foi adaptada de uma reportagem originalmente publicada no G1.
Máscara que detecta o coronavírus
Jim Collin, um pesquisador do MIT, e sua equipe estão projetando uma máscara facial para produzir um sinal fluorescente quando uma pessoa com coronavírus respira, tosse ou espirra. Se a tecnologia for bem-sucedida, poderá solucionar falhas associadas a outros métodos de triagem, como verificações de temperatura.
O pesquisador comentou sobre a aplicabilidade: \”Ao abrirmos nosso sistema de trânsito, você pode imaginar que a tecnologia seja usada nos aeroportos enquanto passamos pela segurança, enquanto esperamos para entrar em um avião\”, disse Collins ao Business Insider. \”Você ou eu poderíamos usá-la no caminho para o trabalho, os hospitais em pacientes quando eles estão na sala de espera como uma triagem de quem está infectado.\”
A máscara pode permanecer estável à temperatura ambiente por vários meses, tendo uma vida útil relativamente longa. Os sensores precisam de duas coisas para serem ativados. A primeira é a umidade, que nosso corpo libera através de partículas respiratórias como muco ou saliva. Segundo, eles precisam detectar a sequência genética de um vírus.
Collins diz que o projeto atual de seu laboratório está nos \”estágios iniciais\”, mas os resultados foram promissores. Nas últimas semanas, sua equipe testou a capacidade dos sensores de detectar o novo coronavírus em uma pequena amostra de saliva.
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Movimento antivacina e o coronavírus
Enquanto os cientistas trabalham para criar uma vacina contra o COVID-19, um pequeno mas fervoroso movimento antivacina está se mobilizando contra os possíveis avanços. Os ativistas estão propagando narrativas conspiratórias: eles dizem falsamente que as vacinas contra o coronavírus serão usadas para implantar microchips nas pessoas, por exemplo, e afirmam falsamente que uma mulher que participou de um teste de vacina no Reino Unido morreu. Um vídeo do YouTube, agora excluído, que promovia teorias da conspiração sobre a pandemia e afirmava (sem evidências) que as vacinas “matariam milhões”, recebeu mais de 8 milhões de visualizações.
Alguns pesquisadores que estudam movimentos de oposição à vacina dizem estar preocupados com a possibilidade das mensagens atrapalharem os esforços para estabelecer imunidade de rebanho ao novo coronavírus. O movimento antivacina online rapidamente se articulou para falar da pandemia, diz Neil Johnson, físico da Universidade George Washington, em Washington DC, que estuda as táticas dos ativistas. \”Para muitos desses grupos, agora tudo se resume ao COVID\”, diz ele.
Esses grupos são pequenos, mas suas estratégias de comunicação online são preocupantemente eficazes e abrangentes, sugere um relatório da equipe de Johnson. Antes do surgimento do vírus SARS-CoV-2, a equipe de Johnson investigou mais de 1.300 páginas, seguidas por cerca de 85 milhões de indivíduos.
Combater a disseminação do sentimento antivacina envolverá a compreensão não apenas da situação atual, mas de como chegamos neste ponto, diz Bruce Gellin, presidente de imunização global do Sabin Vaccine Institute, em Washington DC. \”Precisamos entender o que induz as pessoas a ouvirem e compartilharem com outras pessoas conteúdos antivacinação\”, diz ele.
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