GOL: a expectativa é reduzir em 220 toneladas as emissões de carbono
A GOL lançou ontem a série voos comerciais sustentáveis do País, abastecidos com mistura de biocombustível. O voo partiu do aeroporto Santos Dummont, no Rio, em direção a Brasília.
A iniciativa integra o planejamento de outros 200 voos que usarão a tecnologia durante a Copa do Mundo. A expectativa da empresa é reduzir em 220 toneladas as emissões de carbono com a redução no consumo de combustíveis fósseis.
A iniciativa é uma espécie de \”legado ambiental\” para o torneio. Segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o País é o primeiro a ter 100% das emissões de carbono relacionadas diretamente ao evento mitigadas.
\”É a primeira Copa Verde e a Fifa passa a adotar essa prática como uma referência para os próximos torneios. A marca de baixo carbono do País é a única que poderá ser associada ao evento, ao lados dos patrocinadores\”, destacou Izabella.
A estimativa é que o uso de biocombustível para aviação reduz em 80% as emissões em relação ao combustível fóssil. As emissões dos deslocamentos aéreos são chamadas de \”indiretas\” em relação ao torneio.
Nesse aspecto, segundo a ministra, ainda faltam 40% das emissões a serem reduzidas.
\”Nós somos o País que mais reduz as emissões, sem custo e voluntariamente. Em relação às reduções no setor florestal, as emissões que cortamos representa toda a produção do Reino Unido\”, destacou Izabella.
O voo foi abastecido com querosene de aviação com uma mistura de 4% de biocombustível, produzido a partir de óleo de milho, gorduras não vegetais.
Ao todo serão usados mais de 2 milhões de litros do combustível nos deslocamentos da Seleção Brasileira e em voos comerciais da companhia, partindo do Aeroporto do Galeão, no Rio.
\”Essa iniciativa coloca a companhia na liderança mundial na redução das emissões de carbono. Esperamos incorporar a tecnologia em voos comercial com o biocombustível já a partir de 2015\”, destacou o diretor executivo de operação da GOL, Sergio Quito.
Isenção
Durante o evento, o governo, empresas aéreas e associações de produtores de biocombustível assinaram um protocolo de intenções para estudar a ampliação do programa nos voos comerciais do País.
Segundo o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aereas (Abear), Eduardo Sanowicz, para ampliar a escala da iniciativa e tornar o uso dos biocombustíveis sustentáveis, ainda é preciso reduzir em cerca de 30% o custo da bioquerosene.
\”Temos compromisso internacional de reduzir à metade as emissões até 2050. O fator técnico está praticamente concluído, mas ainda não o aspecto econômico. Essas conversas procuram encontrar as condições para torná-lo viável\”, afirmou Sanowicz.
O diretor da GOL, Sérgio Quito, defendeu a desoneração e redução de ICMS para acelerar a implantação do combustível na malha viária.
\”Para incluir nos voos já em 2016, seria necessário discutir uma redução total ou parcial do imposto. Isso é fundamental para ampliar a escala, tornar o negócio sustentável e atender às exigências internacionais. O desenvolvimento do biocombustível traz enormes benefícios ambientais, mas também estrutura uma cadeia de valor no País\”, destacou.
O consultor Arnaldo Vieira de Carvalho, que representou o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no evento, destacou a importância econômica da medida.
Segundo ele, a estruturação do setor fortalece os produtores agrícolas, gera empregos e desenvolvimento tecnológico, tornando o País capaz de atender também ao mercado internacional.
\”Aqui é o lugar mais promissor para indústria de bioquerosene se desenvolver e atender não só ao mercado interno.\”
Na avaliação da ministra do meio ambiente, o diálogo com os produtores, empresas e governo está aberto para defender o melhor modelo para o setor.
\”Este é um processo político que demanda envolvimento do setor financeiro para adoção da tecnologia nacional. Estamos propondo uma repactuação da leitura das emissões, olhando para o processo econômico, dentro da realidade do mercado\”, afirmou.
Atualizado às 20h21min do mesmo dia, pois o texto anterior continha um incorreção no primeiro parágrafo. O voo é o primeiro de uma série de 200 voos abastecidos com biocombustível que serão feitos durante a Copa, e não o primeiro voo comercial abastecido com mistura de biocombustível do País.
Por Antonio Pita, do Estadão.
Fonte: Exame