Ideia é apoiar startups nascentes que têm projetos, produtos ou soluções em áreas de interesse comum
No ano passado, o ranking de competitividade elaborado pelo Fórum Econômico Mundial registrou que o Brasil desceu seis degraus entre as economias mais competitivas do planeta, ficando na 81ª posição. O relatório, divulgado em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC), sediada em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), destacou que a economia brasileira foi afetada pela deterioração de fatores considerados básicos para a competitividade, como ambiente econômico, desenvolvimento do mercado financeiro e, principalmente, capacidade de inovação.
Para mudar essa realidade, grandes empresas têm apostado em uma nova modalidade de inovação aberta. Por meio de programas próprios ou junto a parceiros, elas apoiam startups nascentes que têm projetos, produtos ou soluções em áreas de interesse comum.
A ideia é simples: do lado das grandes, empresas fazer inovação é caro e demorado. Do outro lado, para as pequenas, acessar grandes mercados é complicado, mesmo com uma grande solução em mãos. A solução é unir as duas pontas. As pequenas oferecem uma estrutura mais leve e focada na busca de soluções que são geradas em prazos curtos e as grandes abrem as portas de um mercado consolidado e carente de soluções.
BioStartup Lab – Em Minas Gerais, o Grupo Hermes Pardini e a Unimed-BH são as empresas âncora de uma das rodadas do programa BioStartup Lab, realizado pela Fundação Biominas. De acordo com o presidente da Biominas, Eduardo Emrich, o programa convida grandes empresas interessadas em praticar a inovação aberta, o corporate venture, ou a se relacionar com startups para que formem parcerias para o codesenvolvimento de novos produtos, resolver demandas internas ou expandir seus negócios em outras áreas. Como âncoras, estas empresas dão ritmo à rodada, participam mais ativamente do desenvolvimento das startups, acompanham de perto a modelagem do negócio, apoiam a validação dos produtos e serviços e, inclusive, participam do processo de seleção de startups em suas áreas de interesse.
“O objetivo é identificar pessoas que tenham bons projetos na área de ciências da vida e ajuda-las a dar os primeiros passos. Muitas chegam aqui sequer formatadas como empresas. Nesses três meses, estruturamos o projeto de forma a dar a ele uma cara de negócio”, explica Emrich.
As empresas âncora que não revelam os valores investidos arcam com parte dos custos do programa. Sem criar nenhum tipo de obrigação comercial, elas têm como primeiro objetivo fomentar um ambiente de criatividade e inovação, fortalecendo o setor como um todo.
Segundo o diretor Comercial Corporativo do Hermes Pardini, Alessandro Ferreira, iniciativas como o BioStartup Lab permitem a criação de uma grande teia de geração de conhecimento e, consequentemente, de negócios. “O intuito é dar oportunidade para quem tem boas ideias, utilizando uma rede de networking formada por pessoas de mente aberta e bem-intencionadas. Muita gente ainda tem uma cabeça do século 20, quando a inovação era feita internamente, escondida. Essa era acabou. Temos excelentes pesquisadores e gestores, mas sabemos que para que o processo seja sustentável no médio e longo prazo precisamos trazer gente interessante para o nosso convívio”, analisa Ferreira.
Para o superintendente-geral de Gestão Empresarial da Unimed-BH, Alexandre Flores de Almeida, o modelo permite que a empresa busque, com assertividade, soluções relacionadas à área de Saúde, que possibilitem a melhoria da qualidade da assistência, do trabalho médico, e da vida dos clientes. “Ganhamos ao ter atuação conjunta, com expertise de quem já tem um processo consolidado para identificar e acelerar startups.
Com isso, conseguimos desenvolver produtos, resolver demandas internas ou expandir nossos negócios em outras áreas de forma assertiva e, ao mesmo tempo, dando oportunidades para novos empreendedores”, avalia Almeida.
Ambas as empresas já participaram de outras iniciativas de apoio a startups. E tem nesses modelos de parceria uma estratégia que deve ser cada vez mais utilizada não só por elas, mas pelo mercado como um todo. “Ganhamos ao ter atuação conjunta, com expertise de quem já tem um processo consolidado para identificar e acelerar startups. Com isso, conseguimos desenvolver produtos, resolver demandas internas ou expandir nossos negócios em outras áreas, de forma assertiva e, ao mesmo tempo, dando oportunidades para novos empreendedores, afirma o superintendente geral de Gestão Empresarial da Unimed-BH.
“O grande mérito do programa não é criar a ponte entre duas empresas, mas uma teia de relacionamento entre várias. A inovação está dentro do nosso planejamento estratégico em todos os prazos. E ela vem de diversas maneiras, inclusive essa. Quanto mais massa crítica de gente produzindo na área de saúde, melhor será para o segmento como um todo”, completa o diretor Comercial Corporativo do Hermes Pardini.
Fonte: Daniela Maciel, Diário do Comércio
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