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O Inovação que Inspira traz hoje a entrevista com Mateus Lopes, ele se apaixonou pela biotecnologia através de um grupo de estudo ainda na graduação, e após o doutorado se dedica à pesquisa científica dentro da indústria. Mateus aposta no perfil de profissional \”T\”, que se destacam por desenvolver habilidades técnicas específicas da sua área mas também se dedicam a desenvolver habilidades e aprender sobre outras áreas estratégicas.
Essa entrevista faz parte do Inovação que Inspira, projeto que surge em comemoração aos 30 anos da Biominas Brasil, reforçando seu compromisso em tornar as empresas cada vez mais inovadoras e conectar profissionais de inovação. Essa série de entrevistas traz insights de profissionais que trabalham com inovação no Brasil. Trajetórias profissionais que têm em comum a paixão por inovar.
Trajetória profissional
O primeiro contato de Mateus com a biotecnologia foi através de um grupo de estudo de biotec. \”Eu gostei logo de cara e tomei a decisão de fazer biologia na graduação na USP, lá eu fui trabalhar no agrupamento de biotecnologia industrial que tinha dentro do IPT era um grupo super bacana, que tinha todas as áreas do conhecimento, e acabei me apaixonando por esse ambiente mais industrial/ empresarial.\”¹
Mateus fez o doutorado logo após a graduação e sempre gostou de trabalhar fazendo essa ponte entre a pesquisa e a indústria, buscando entender também sobre a parte econômica e financeira. Teve oportunidade de trabalhar na área de desenvolvimento de negócio e essa experiência permitiu a ele conhecer este lado empresarial da área de pesquisa. Atualmente gerencia um laboratório e uma equipe de pesquisa, na qual parte dela também se dedica à inteligência de mercado.
O \”profissional T\” foi citado por ele como inspiração, a vertical do T é a parte técnica do que você gosta, que você vai em profundidade e entende bem os detalhes. E a parte horizontal do T é essa parte de negócios, da política, de como influenciar, como fazer o negócio acontecer. Ou seja, o profissional T reúne tanto habilidades técnicas específicas quanto conhecimentos e habilidades multidisciplinares, o que favorece significativamente a capacidade de colaboração em projetos multidisciplinares.
O que mais motiva a trabalhar com inovação?
\”Construir um ecossistema no país. Na minha empresa hoje temos um grupo super diferenciado de biotecnologia industrial e conseguimos desenvolver e entregar tecnologia de altíssimo nível, comparado a outras empresas ao redor do mundo. Estamos construindo um ecossistema novo, tanto de pesquisa quanto de profissionais e de relação com as universidades.\”¹
“Conseguir deixar um legado para o país de algo muito legal, que é construir em volta de sustentabilidade, inovação, tecnologia e conhecimento. E conseguir construir um capitulo novo.”¹
Como planejar sua carreira?
Como você se enxerga no futuro? você quer ser um especialista, ou ter uma visão geral. É importante conseguir planejar algumas metas, no mundo empresarial é muito fácil você ficar preso na urgência dos assuntos, você ter a disciplina de refletir, ver se está indo no caminho certo é um desafio importante.
Você poder se apoiar em líderes que têm experiência, principalmente trabalhando com inovação que tem esse viés técnico e também estratégico, você poder se apoiar em líderes que podem te apoiar e te colocar em um nível um pouco mais para frente acho que faz toda diferença. Como país deveríamos nos preocupar bastante, como formar bons líderes bons profissionais para que eles possam deixar esse legado para próxima geração, para que possamos sempre dar saltos a cada geração.
Qual habilidade é mais importante para um profissional de inovação?
Não pular etapas, você precisa saber do passo a passo, saber onde você quer chegar mas sempre aproveitando cada etapa desse caminho. Quando você for pensar coisas novas você precisa estar muito atualizado das coisas que estão acontecendo e da literatura. \”Você precisa de tempo para construir um profissional completo em inovação, talvez mais do que em outras áreas.\”¹
Outra habilidade importante é estar atento aos aspectos culturais e políticos da empresa, construir relações, entender as pessoas e porquê as decisões são tomadas. “(…) na inovação a gente costuma achar tudo muito pragmático e técnico, e no fundo para conseguirmos influenciar e fazer as coisas acontecerem dentro de uma empresa, muitas vezes os aspectos culturais e políticos não conseguimos enxergar.”¹
O que mais marcou na conversa com Mateus
Mateus trouxe um aspecto bastante importante, que muitas vezes jovens profissionais, sobretudo aqueles que têm mais experiência acadêmica, que é o fato de saber conhecer do business, do negócio em si, e também entender sobre as questões políticas presentes em qualquer instituição, e também fora delas. E como tudo isso impacta diretamente no desenvolvimento científico e a inovação dentro da própria empresa e no país como um todo.
O mais interessante é que desde muito cedo ele se atentou para isso e sempre gostou de trabalhar fazendo essa ponte entre a universidade, a produção científica e a indústria. Não poderíamos encerrar esse artigo sem agradecer ao Mateus pela disponibilidade em contribuir com esse projeto, certamente sua trajetória já inspirou e vai seguir inspirando a muitas pessoas.
¹ Trechos originais transcritos da entrevista.