Qualquer organização que queira competir no acirrado mercado atual, sabe da importância de inovar. E hoje somos bombardeados por conteúdos, metodologias e ferramentas para nos guiar no momento de estruturar a estratégia de inovação da nossa empresa.
Sem dúvida alguma, inovar não é algo aleatório, baseado unicamente em momentos de insights e serendipidade. Pelo contrário, a inovação envolve processos bem sistematizados e personalizados para realidade de cada empresa. Então modelos, metodologias, roteiros do que deve ser feito são importantes para termos experiências bem sucedidas.
Mas é ingenuidade acreditar que somente ter um processo bem estruturado, baseado na literatura relevante do setor, seja suficiente. Tão importante quanto seguir um roteiro do que fazer, é saber o que NÃO deve ser feito.
Muitas vezes, valorizamos apenas os cases de sucesso e nos esquecemos que os fracassos da inovação são recheados de valiosos aprendizados. A verdade é que há mais experiências mal sucedidas do que os famigerados cases de sucesso, principalmente dentro do setor de biotecnologia.
Pensando nisso e baseado em nossa experiência, apontamos 4 erros principais que devem ser evitados no momento de estruturar a inovação da sua organização. Apesar de parecem óbvios são bastante comuns e muitas vezes negligenciados.
1- Subestimar o valor de uma estratégia de inovação alinhada ao negócio
Muitas empresas iniciam suas ações de inovação mesmo sem ter um claro direcionamento de onde querem chegar. O grande problema é que sem uma estratégia coerente e uma visão clara do que a empresa pretende alcançar, os esforços de inovação acabam dispersos e isolados.
A construção de uma estratégia de inovação envolve definir direcionadores que atendam aos objetivos de crescimento ao longo prazo e estejam alinhados com a estratégia de negócio da empresa. Nesse processo, é importante considerar aspectos como as necessidades não atendidas dos clientes, as tendências tecnológicas e as competências internas para a construção de um plano de inovação eficiente.
2- Pensar de forma tradicional e não construir um MVP do seu produto/serviço
Apesar do conceito de produto mínimo viável ter surgido do mundo digital, ele não se restringe ao desenvolvimento de softwares, e tem se mostrado bastante útil para outros setores, inclusive para o desenvolvimento de soluções em biotecnologia.
Um MVP é um produto funcional que possui recursos suficientes para entregar a solução para um grupo específico de usuários/clientes, receber feedbacks e permitir a revisão até chegar a uma versão final do produto/serviço.
É um recurso importante para evitar atrelar recursos e tempo no desenvolvimento de produtos sem antes entender realmente qual a solução esperada pelo seu mercado. Segundo estudos da IDEO, a prática da construção de um MVP aumentou em 109% as chances de sucesso de produtos lançados por organizações caracterizadas por longos ciclos de desenvolvimento, mesmo perfil de empresas em biotecnologia, por exemplo.
Dessa forma, vale considerar este conceito no desenvolvimento de soluções científicas, principalmente considerando a complexidade técnica e os riscos envolvidos neste setor. Além do MVP, podemos ainda explorar os conceitos de “prova de conceito” e protótipos. Para quem deseja saber mais sobre este assunto, sugerimos a leitura deste texto: MVP Vs Prototype Vs POC — A Complex Choice of Strategy Made Simple.
3- Esperar por resultados imediatos
Vivemos em uma sociedade em que quase tudo costuma “ser para ontem”, com as expectativas em relação a inovação não é diferente. No entanto, quando construímos algo novo, muitas variáveis são desconhecidas, e na maioria das vezes não há um roteiro a ser seguido. Dessa forma, a pressão por resultados a curto prazo, pode matar projetos, principalmente os com maior potencial inovador.
É preciso dar tempo para os resultados promissores aparecerem. Assim como é necessário tolerar erros e permitir a experimentação. É claro que o processo de tentativa e erro não deve ser aleatório, pelo contrário, é importante adotar ferramentas para sistematizar a experimentação e documentar os aprendizados.
Muitos projetos são descartados e rotulados como “aquela inovação que não deu certo”, quando na verdade era uma ótima ideia. Um boa ideia que foi mal executada, pois ansiedade por resultados imediatos foi predominante.
4- Isolar e não colaborar com o ecossistema
O intercâmbio de tecnologia e informação entre pessoas, empresas e instituições é um dos determinantes para o processo de inovação, portanto, estar inserido em um ecossistema que facilite esse fluxo é muito relevante. Os ecossistemas podem ser entendidos como “redes” cujo elemento principal são as conexões entre os agentes. A conexão efetiva cria um ambiente propício para fomentar e alavancar o processo de inovação e empreendedorismo.
As alianças estratégicas, além de amenizar os desafios de se empreender em ciências da vida, são fundamentais para a geração de inovações, principalmente as disruptivas..
Dessa forma, a colaboração entre empresas consolidadas, startups e universidades possibilita aliar pontos fortes, preencher lacunas e criar valor no mercado.
Portanto, procure se “encaixar” em um ecossistema e aproveitar a força das conexões!
É claro que a partir desses 4 erros há outros desdobramentos e desafios! Mas por ser o ponto de partida de várias outras falhas, acreditamos que devem ser constantemente repensados dentro das organizações.