As empresas do setor de Ciências da Vida no Brasil se deparam com elevados custos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Atender as demandas do mercado, que estão cada vez mais complexas, cumprir as rígidas exigências regulatórias e manter um portfólio de produtos inovadores são fatores que contribuem com a necessidade de altos investimentos. Com isso, percebe-se uma gradativa transformação destas empresas em grandes centros de produção industrial, deixando de lado o modelo tradicional de busca por blockbusters a partir de recursos próprios.
No entanto, a inovação continua. Novas tecnologias estão sendo desenvolvidas e novos produtos estão sendo lançados. Mas de onde vem o conhecimento e a pesquisa? Sabe-se que as empresas estão alterando seus modelos de negócios, aliando atividades de P&D internas com a busca por produção científica e tecnológica de fontes externas. E é nesse ponto que os Institutos de Ciências e Tecnologia (ICTs), como as universidades, são envolvidos. No Brasil, as grandes universidades possuem milhares de pesquisadores engajados em promissoras linhas de pesquisa e desenvolvendo tecnologias com potencial de ingressarem no mercado. Sabendo disso, as empresas utilizam o modelo de Open Innovation, buscando o conhecimento junto aos cientistas acadêmicos, trazendo-o para indústria e levando-o para o mercado.
Apesar das universidades apresentarem esse grande potencial científico e tecnológico, o mapeamento das suas competências é, em geral, um gargalo nesse processo de interação. A maioria das informações sobre as tecnologias que estão sendo estudadas encontra-se dispersa e, portanto, de difícil acesso. Iniciativas com o objetivo de compilar e organizar esse tipo de informação são incipientes no país, o que pode diminuir a taxa de transferência de tecnologias e dificultar uma ampla exploração da produção acadêmica.
Algumas ações, no entanto, vem sendo implementadas pelas ICTs com o objetivo de incrementar a interação acadêmica com outras instituições públicas e privadas. Essas ferramentas facilitam a identificação dos pesquisadores e projetos em processo de desenvolvimento interno. Exemplo disso é o SOMOS UFMG, uma base de dados que lista pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais, bem como suas especialidades e produção científica. Além disso, a base mostra também informações sobre unidades, departamentos, propriedade intelectual, infraestrutura instalada nos laboratórios, dentre outras. Outro exemplo é a Plataforma Lattes, que integra currículos de estudantes e pesquisadores de várias ICTs brasileiras.
A Biominas Brasil também desenvolveu uma base própria de pesquisadores e tecnologias relacionadas ao setor. A base compila informações de mais 2 mil pesquisadores da área de Ciências da Vida, incluindo suas especialidades, projetos e contatos. A partir dela, é possível realizar análises personalizadas de acordo com linhas de pesquisa, o que permite a seleção de pesquisadores e projetos para parcerias e/ou transferências de acordo com interesses específicos. Dessa forma, foram compiladas de forma simples e organizada informações essenciais para quem quer buscar por pesquisadores e seus projetos inovadores em centros de excelência do país. Tal iniciativa visa o crescimento do setor ao incrementar ainda mais a interação acadêmica com instituições públicas e privadas.